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Arquitetos: Firma Arquitetura, Oficina Aberta
- Área: 70 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Carolina Lacaz
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Fabricantes: Day Brasil, Isover, Knauf, Lafonte Assabloy, REKA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Quando recebemos a encomenda para este projeto tínhamos pouco mais de 40 dias para entregá-lo construído e funcionando. Era necessário construí-lo de forma emergencial durante as férias escolares para que com o retorno dos alunos, no mês de agosto, todos tivessem um local para estudar.
Tendo o tempo como nossa maior adversidade, optamos por realizar uma obra que fosse quase em sua plenitude erigida com materiais de prateleira, abundantes no mercado e que não exigissem uma mão-de-obra especializada para sua utilização. Desta forma, o pavilhão foi imaginado em estrutura metálica, com paredes do tipo dry-wall e revestimento em telhas de policarbonato alveolar ondulado, conferindo assim estanqueidade e isolamento térmico adequado. Internamente as paredes foram revestidas em laminado melamínico, o piso em vinílico e por questões de uso o forro recebeu placas acústicas pigmentadas que, ao refletirem a luz natural dos sheds, colorem o espaço interno de verde, amarelo e laranja.
A implantação assimétrica do pavilhão no terreno buscou criar três áreas externas distintas para a realização de atividades e aulas ao ar-livre, cada qual vinculada à uma das salas de aula - brinquedoteca, artes e música. Para conferir maior integração e permitir livre circulação das crianças entre os ambientes internos e externos, três portas de correr foram estrategicamente posicionadas.
Implantação – O dentro e o fora
Considerando a geometria pouco usual do lote destinado para este anexo de uma escola infantil, a necessidade por uma reorganização dos acessos e ainda a o desejo por uma maior valorização dos espaços livres, este último aspecto de suma importância para as atividades pedagógicas desenvolvidas pela escola, nossa proposta buscou por meio da inserção de um volume simples, único e singelo, criar três “jardins de atividades” e uma nova alameda para o acolhimento de pais e alunos durante os finais de semana e atividades extracurriculares ofertadas fora da grade horária da escola.
Tendo isso em vista e almejando minimizar a o número de barreiras físicas dentro da escola, o novo anexo proposto aproxima-se suavemente das divisas do lote, criando assim limites sutis entre os diferentes “jardins”. Graças a incorporação de grandes portas de correr todas as salas se conectam diretamente a seus espaços externos, fazendo com que o dentro e o fora se tornem um só. Um jardim de sol e um jardim de sombra. Um jardim de infância onde o aprender se faz sem limites e onde a natureza e a arquitetura se unem em nome da educação.
Construção – Técnica e Sustentabilidade
Do ponto de vista construtivo o projeto para o anexo Cata-vento buscou, acima de tudo, explorar técnicas e soluções do campo da edificatória que pudessem tanto viabilizar uma obra rápida e de baixo custo, quanto eficiente e sustentável no que tange o seu impacto ao meio ambiente e social.
Sendo assim, todo o projeto foi desenvolvido em cima do aproveitamento das particularidades da paisagem local, de uma paleta de elementos e materiais que minimizassem o desperdício e promovessem uma obra limpa, capaz de ser realizada pela mão-de-obra disponível e com uma considerável redução de riscos aos operários da construção civil, um dos setores da indústria nacional que mais expõem seus trabalhadores à acidentes e situações de risco no Brasil. Deste compromisso de construir bem e construir inteligentemente, demos preferência ao emprego de materiais industrializados, com dimensões modulares e disponíveis na região; à utilização de estruturas metálicas compostas por elementos de pequena dimensão (steel-frame) capaz de ser transportada e erigida manualmente; e de materiais referenciados por institutos nacionais de qualidade, reconhecidos por serem recicláveis e/ou reutilizáveis, terem a sua produção em consonância com a legislação ambiental e trabalhista e garantirem, com base nas normas técnicas nacionais, o bom desempenho da edificação.
Neste sentido, antes de nos pautarmos na utilização da tecnologia como um atalho para a sustentabilidade, preferimos encarar o não-desperdício, a consideração do meio-ambiente e o respeito à toda uma comunidade como o verdadeiro caminho para o desenvolvimento sustentável.
Conforto e cor como matéria – bem-estar para o corpo e para o espírito
A compreensão do termo conforto como algo que se apresenta puramente em um meio físico não consegue por si descrever todos os atributos arquitetônicos que são capazes de influenciar o bem-estar dos ocupantes de uma edificação, sobretudo aqueles que transcendem as sensações do corpo e atingem os fenômenos do espírito.
Tendo esta preocupação em mente, buscamos conferir à este projeto uma ambiência capaz de atingir estas duas dimensões da experiência humana no espaço: uma corporal que se traduz nas sensações térmicas, luminosas e dimensionais do ambiente, e uma mais intangível, mais etérea, que se expressa na fruição estética, no caráter simbólico, memorativo, lúdico e sensível da arquitetura. Desta maneira, aproveitando-se da necessidade de realizarmos um bom controle acústico e de iluminarmos e ventilarmos naturalmente os ambientes das salas de aula, propusemos a criação de três sheds na cobertura que, alternados em suas orientações e revestidos internamente por placas acústicas coloridas são capazes de animar com diferentes qualidades e tons de luz cada uma das salas. Artefatos técnicos de absorção acústica, iluminação e ventilação abandonam suas funções primordiais e conferem, conforme o gosto do sol, um novo caráter aos ambientes – a sala verde, a sala amarela e a sala laranja.